Como não encontrei uma única ideia com a qual não estivesse absolutamente de acordo, não resisti à tentação de publicar, na íntegra, este artigo de opinião. Podem consultá-lo aqui.
Como eu faria oposição ao atual governo.
por José Gomes Ferreira (in Jornal Expresso, 27-03-2015)
Dr. António Costa, desculpe a ousadia de me querer colocar no seu papel, mas não resisto a fazê-lo.
Acho que o país merece uma reflexão conjunta sobre o papel da oposição que temos e da que poderíamos ter, antes de entrarmos na vertigem da campanha eleitoral. É por isso e só por isso que me atrevo a pedir-lhe emprestado o papel de líder da oposição por uns minutos, apenas durante o tempo de leitura deste texto.
Então, aqui vai:
1 – O que eu diria e faria
- Prioridade absoluta é o estabelecimento de um Pacto com os empresários portugueses. Uma Aliança Estratégica para a economia portuguesa, com o objetivo de recuperar a confiança dos investidores, desbloquear o investimento e fazer baixar substancialmente o desemprego. Creio que o objetivo de todos nós é baixar rapidamente o desemprego, certo? Então, o melhor caminho para o conseguir é motivar os empresários para investir e retirar-lhes o maior número possível de entraves do caminho.
A não ser que continue a achar que o melhor caminho para criar empregos é pôr o Estado nos seus vários níveis, central, regional, local, organismos, institutos e empresas públicas, a gastar dinheiro que não tem e precisaria de pedir emprestado lá fora, para criar empregos em Portugal. Mas olhe que esse keinesianismo fora de prazo já foi seguido e deu no que deu…olhe que no momento em que anunciar isso como Primeiro Ministro, as yields da dúvida pública vão voltar a subir…
Se quer realmente criar empregos, faça uma Aliança Vital com os empresários, sobretudo com os micro, pequenos e médios (os grandes já tem vias verdes de favor e gabinetes de advogados para os ajudar, estão mais interessados em destruir empregos do que em criar novos postos de trabalho na economia protegida em que vivem, para cortar custos e aumentar margens rendeiras para os acionistas). São os pequenos empresários que empregam vizinhos, amigos, conhecidos e desconhecidos. São esses que aguentam o país. E acredite que têm muita influência na hora de votar. São líderes naturais que passam palavra em família, nos cafés, nos clubes, nas comunidades. Se garantir que lhes dará todo o apoio poderá contar com eles. E para garantir que eles se tornam seus aliados, tem muito por onde avançar. Ao contrário do que este Governo diz, os pequenos empresários têm sido muito pouco ajudados, bem pelo contrário.
- Prometa aos empresários de Portugal que vai fazer tudo para acabar com a horrorosa burocracia que têm de enfrentar todos os dias. Sabe, quem faz crimes económicos em Portugal não são os empresários, são os burocratas da administração central, regional e local. Criam regulamentos e regulamentozinhos até ao infinito para perpetuarem a sua existência e se multiplicarem em funções, com a ajuda dos partidozinhos a que pertencem, incluindo os da maioria no poder, o seu e os mais à esquerda. Ouço-o muitas vezes a falar da importância do poder local para desenvolver o país. Sabe, os autarcas são muito bons a ajudar populações, sabem o que é preciso quando é preciso, são vitais para o país, sim. Mas são péssimos a criar riqueza e ótimos a distribui-la, mesmo quando não existe e é uma ilusão criada com dívida. Trate de os ajudar a ajudar quem precisa e de os afastar dos circuitos dos licenciamentos. Vai ver que ganha o país e ganha quem governar assim. E não se iluda se pensa que os ministros da Economia, do Ambiente e da agricultura que vai nomear vão resolver os problemas da burocracia. Não vão. Não mandam nos seus próprios ministérios, quem manda são as chefias intermédias cuja lógica não é económica, é de poder pelo poder. (Não resolver este problema foi um dos maiores senão o maior falhanço da atual maioria no poder).
- Erga bem alto a sua voz contra diretivas e diretivazinhas da Europa que tudo quer regulamentar na nossa vida económica, desde o tamanho dos estores até ao peso dos croissants. Nesta matéria sim, grite contra eles, cá e em Bruxelas (e não contra a política financeira do Estado, que tem de equilibrar o seu orçamento e deixar de fazer dívida de uma vez por todas).
- Prometa aos empresários que tudo vai fazer para obrigar os bancos a dar-lhes crédito barato. O dinheiro do BCE para os financiar está ao preço da chuva e por isso só têm mesmo de se deixar de desculpas e financiar a economia real, a que exporta serviços e põe coisas nas prateleiras dos supermercados. E sim, obrigue a que o Banco de Fomento entre em funcionamento para fazer concorrência real com os bancos. A tal IFD é apenas um arremedo de Banco de Fomento que faz muita falta a Portugal. E já agora, declare luta de morte às comissões e comissõezinhas que a banca cobra por tudo e por nada.
- Declare luta sem tréguas à pouca vergonha da eletricidade a peso de ouro. Prometa desde já acabar com a falsa arquitetura legal do sistema eletroprodutor amigo do ambiente. O que eles produtores e distribuidores de eletricidade conseguiram do Parlamento foram leis de favor para nos extorquirem milhares de milhões de euros em subsídios encapotados todos os anos. E sim, acabe com o escândalo dos cargos dourados no Conselho geral e de Supervisão da EDP. É uma afronta ao país.
- Acabe com a ofensa da dívida tarifária e mande tabelar os preços da eletricidade, dos combustíveis, do gás natural e engarrafado, sem mais défices legalmente reconhecidos. Famílias e empresários ficar-lhe-ão extremamente gratos por isso. Quer medida mais de esquerda do que esta?
A não ser que continue a achar que o melhor caminho para criar empregos é pôr o Estado nos seus vários níveis, central, regional, local, organismos, institutos e empresas públicas, a gastar dinheiro que não tem e precisaria de pedir emprestado lá fora, para criar empregos em Portugal. Mas olhe que esse keinesianismo fora de prazo já foi seguido e deu no que deu…olhe que no momento em que anunciar isso como Primeiro Ministro, as yields da dúvida pública vão voltar a subir…
Se quer realmente criar empregos, faça uma Aliança Vital com os empresários, sobretudo com os micro, pequenos e médios (os grandes já tem vias verdes de favor e gabinetes de advogados para os ajudar, estão mais interessados em destruir empregos do que em criar novos postos de trabalho na economia protegida em que vivem, para cortar custos e aumentar margens rendeiras para os acionistas). São os pequenos empresários que empregam vizinhos, amigos, conhecidos e desconhecidos. São esses que aguentam o país. E acredite que têm muita influência na hora de votar. São líderes naturais que passam palavra em família, nos cafés, nos clubes, nas comunidades. Se garantir que lhes dará todo o apoio poderá contar com eles. E para garantir que eles se tornam seus aliados, tem muito por onde avançar. Ao contrário do que este Governo diz, os pequenos empresários têm sido muito pouco ajudados, bem pelo contrário.
- Prometa aos empresários de Portugal que vai fazer tudo para acabar com a horrorosa burocracia que têm de enfrentar todos os dias. Sabe, quem faz crimes económicos em Portugal não são os empresários, são os burocratas da administração central, regional e local. Criam regulamentos e regulamentozinhos até ao infinito para perpetuarem a sua existência e se multiplicarem em funções, com a ajuda dos partidozinhos a que pertencem, incluindo os da maioria no poder, o seu e os mais à esquerda. Ouço-o muitas vezes a falar da importância do poder local para desenvolver o país. Sabe, os autarcas são muito bons a ajudar populações, sabem o que é preciso quando é preciso, são vitais para o país, sim. Mas são péssimos a criar riqueza e ótimos a distribui-la, mesmo quando não existe e é uma ilusão criada com dívida. Trate de os ajudar a ajudar quem precisa e de os afastar dos circuitos dos licenciamentos. Vai ver que ganha o país e ganha quem governar assim. E não se iluda se pensa que os ministros da Economia, do Ambiente e da agricultura que vai nomear vão resolver os problemas da burocracia. Não vão. Não mandam nos seus próprios ministérios, quem manda são as chefias intermédias cuja lógica não é económica, é de poder pelo poder. (Não resolver este problema foi um dos maiores senão o maior falhanço da atual maioria no poder).
- Erga bem alto a sua voz contra diretivas e diretivazinhas da Europa que tudo quer regulamentar na nossa vida económica, desde o tamanho dos estores até ao peso dos croissants. Nesta matéria sim, grite contra eles, cá e em Bruxelas (e não contra a política financeira do Estado, que tem de equilibrar o seu orçamento e deixar de fazer dívida de uma vez por todas).
- Prometa aos empresários que tudo vai fazer para obrigar os bancos a dar-lhes crédito barato. O dinheiro do BCE para os financiar está ao preço da chuva e por isso só têm mesmo de se deixar de desculpas e financiar a economia real, a que exporta serviços e põe coisas nas prateleiras dos supermercados. E sim, obrigue a que o Banco de Fomento entre em funcionamento para fazer concorrência real com os bancos. A tal IFD é apenas um arremedo de Banco de Fomento que faz muita falta a Portugal. E já agora, declare luta de morte às comissões e comissõezinhas que a banca cobra por tudo e por nada.
- Declare luta sem tréguas à pouca vergonha da eletricidade a peso de ouro. Prometa desde já acabar com a falsa arquitetura legal do sistema eletroprodutor amigo do ambiente. O que eles produtores e distribuidores de eletricidade conseguiram do Parlamento foram leis de favor para nos extorquirem milhares de milhões de euros em subsídios encapotados todos os anos. E sim, acabe com o escândalo dos cargos dourados no Conselho geral e de Supervisão da EDP. É uma afronta ao país.
- Acabe com a ofensa da dívida tarifária e mande tabelar os preços da eletricidade, dos combustíveis, do gás natural e engarrafado, sem mais défices legalmente reconhecidos. Famílias e empresários ficar-lhe-ão extremamente gratos por isso. Quer medida mais de esquerda do que esta?
Dizer que está tudo mal, dizer que a austeridade não resolveu os problemas do Estado, nomeadamente o défice, quando o défice público caiu de mais de 10 para menos de 4 por cento em quatro anos, não descredibiliza o Governo, descredibiliza-o a si próprio
- Prometa luta de morte à entropia da Justiça administrativa e económica. Obrigue todos os agentes deste setor a sentarem-se à mesa e encontrar soluções expeditas para viabilizar empresas, resolver falências e dar confiança a investidores nacionais e internacionais. Muito já foi feito pela maioria actual nesta área. Não deite tudo a perder, construa ainda mais sobre os bons alicerces já lançados nesta área. E aproveite a embalagem da descida do IRC para obrigar todos os empresários que ainda não pagam impostos a pagarem o que devem. Continuem a luta contra a evasão fiscal que até agora deu bons resultados, o país agradece. E aproveite a melhoria das condições financeiras do país para reorientar investimentos para a economia concorrencial, incluindo as verbas dos fundos estruturais que aí vêm.
- Acabe com exceções, incentivos e deduções a fundações e entidades obscuras que este Governo prometeu não teve a coragem de cortar definitivamente.
- Prometa recuperar o tempo, os recursos e as oportunidades perdidas com os falhanços deste governo na reorganização administrativa e económica do país. Vai ver que o objetivo de recuperação do equilíbrio social será muito mais fácil de atingir por esta via.
- Acabe com exceções, incentivos e deduções a fundações e entidades obscuras que este Governo prometeu não teve a coragem de cortar definitivamente.
- Prometa recuperar o tempo, os recursos e as oportunidades perdidas com os falhanços deste governo na reorganização administrativa e económica do país. Vai ver que o objetivo de recuperação do equilíbrio social será muito mais fácil de atingir por esta via.
2 – O que eu não diria nem faria
- Por mim, não diria sempre que está tudo mal. Sabe, dizer quando está tudo mal, quando salta aos olhos de uma criança da escola primária que já não existe um problema de acesso de Portugal a crédito externo, é chamar ignorantes a todos os portugueses que se preocupam com o futuro do país.
- Dizer que está tudo mal, dizer que a austeridade não resolveu os problemas do Estado, nomeadamente o défice, quando o défice público caiu de mais de 10 para menos de 4 por cento em quatro anos, não descredibiliza o Governo, descredibiliza-o a si próprio.
- Dizer que a austeridade falhou porque a dívida pública subiu muito mais com este Governo, quando qualquer estudante de Economia e Finanças sabe que nunca se consegue reverter o ritmo de endividamento de um país e baixar o stock da dívida de um momento para o outro, antes tem de se contar com o efeito de travar um navio transatlântico que só para muitas milhas depois de ter sido tomada a decisão, é mostrar publicamente que não se percebe muito de finanças.
- Insistir que o nível de 130 por cento de dívida pública em relação ao PIB é insustentável e que este Governo é o culpado dessa tragédia, esquecendo deliberadamente que a dívida pública sem os depósitos de quase 20 mil milhões de euros à ordem do Tesouro é de 122 por cento do PIB, pouco acima dos 109 por cento do PIB que o Governo herdou em Junho de 2011, é querer negar a evidência.
- Por mim, nunca faria ironias sobre o facto de os cofres do Estado estarem cheios. Estão cheios e os portugueses acham que isso é bom, ao contrário do que o seu partido quer fazer crer.
- Estar sempre a duvidar do crescimento das exportações e vangloriar-se, como se de uma vitória política se tratasse, quando os números mostram algum abrandamento ou até uma queda pontual do ritmo de vendas ao exterior, é passar um atestado de inutilidade a todos os esforços notáveis dos milhares de empresários portugueses que não desistiram, foram à luta, procuraram mercados no fim do mundo, reorientaram linhas de produção, deram alento às suas equipas, nunca desistiram e acreditaram sempre que o futuro podia ser melhor. Acredite, essa estratégia reverte contra o PS, não a favor.
Afinal de contas, dizer que está tudo mal reverte contra si próprio e contra a sua estratégia. É uma conclusão que não consta de nenhum manual de taticismo político, é uma regra de bom senso, que não se compra nem se estuda em nenhuma universidade.
E sabe, os portugueses valorizam muito mais quem destaca as coisas boas que os antecessores fizeram e promete fazer melhor, do que quem está sempre a desdizer no que foi feito e arrasa tudo o que encontra assim que assume funções num cargo de responsabilidade. Os portugueses são muito mais conservadores e jogam muito mais pelo seguro do que parece.
Boa Páscoa
Boa sorte para as Eleições e que vença o melhor!
Sem comentários:
Enviar um comentário
Todas as opiniões, sugestões e comentários são naturalmente bem-vindos, desde que o civismo nunca seja descartado. Não serão aceites faltas de respeito por nenhum ser humano, independentemente das razões invocadas. Todos podemos expor os nossos argumentos sem recorrer à calúnia, à ofensa e à difamação. A melhor forma de realmente se debater um assunto é elevar a sua discussão a um patamar de respeito e civismo.